domingo, 20 de dezembro de 2009

...às pedras e ondas...

Cá estou eu novamente, pelo terceiro ano, compartilhando meu ano com pessoas especiais.

Dois mil e nove foi um ano sem muitos avanços. Com mudanças sim, pessoais, coletivas, de pensamentos, de rotina, mas sem grandes transformações, porém não deixou de ser um ano maravilhoso e de muito crescimento.


Iniciei o ano com férias maravilhosas, em um lugar paradisíaco, com pessoas muito especiais. Momentos que me proporcionaram alegrias e muito descanso, para encarar 2009 com baterias recarregadas.

O desafio do movimento estudantil esteve presente desde o início, com atividades de recepção de bixos, preparação de atividades do ano. Aliás, o movimento estudantil merece um capítulo especial nesta carta.
Neste ano muitos desafios novos se delinearam, tocar uma gestão de um DA até então inativo, vencer a crítica com proposições, coerência e luta, vivenciar grandes experiências e um gigante amadurecimento de consciência com pessoas especiais e lutadoras, me proporcionou um gigante crescimento pessoal, pois me permitiu, a cada dia, reafirmar minha opção e encontrar algumas respostas dentro dessa escolha.

Iniciei meu primeiro estágio. Entre pela primeira vez em uma sala de aula como responsável por um grupo. Cresci, aprendi muito, me aborreci, fiz novos amigos, conheci realidades, tive experiências incríveis. Tornar-se responsável pela capacitação de jovens que buscam seu crescimento profissional e uma oportunidade melhor para o futuro foi um desafio e tanto, desafio recompensado pelo reconhecimento e carinho recebido pelos 43 jovens que por mim passaram e, principalmente pelos 34 que concluíram o tempo de capacitação. Aprender a respeitar realidades, espaços e opiniões, driblar o imprevisto, ser mais que professora, referência, uma amiga, me fez tornar-me uma pessoa diferente: mais consciente, mais atenta, mais feliz.

O meu curso, tão adorado e sempre tão vangloriado por mim, me deixou por diversas vezes em dúvida, indecisa, saturada, cansada, mas ao mesmo tempo a dúvida se tornou certeza, quando na prática, momentos de tensionamentos, pude começar a vivenciar a docência, tanto no estágio, quanto nas práticas docentes semestrais.

Aprendi a lidar perdas, reaproximações, cheguei a limites. Revi princípios, valores. Vivi minha seriedade e, por incrível que pareça, fui palhaça muitas vezes. Estive mais distante da minha família neste ano, visitei-os menos, por circunstâncias do tempo, dos compromissos, da rotina. Ganhei confiança, abominei atitudes, me decepcionei, chorei, amei, sonhei. Vivi!

Mais uma vez concluo o ano realizada. Querendo muito mais para o ano que se aproxima.

Agradeço aos amigos, os de longe e os de perto. Pela presença, pela saudade, pelo carinho, pelos apoios, pelos puxões de orelha, pelas decepções que me fizeram crescer. Agradeço àqueles que foram pedras: que me fizeram ser forte para vencê-los. Agradeço àqueles que foram ondas: me carregaram em seus impulsos, fazendo-me avançar.

Que o novo ano seja repleto de conquistas, que aprendamos a sonhar e, mais que isso, correr atrás e lutar pelos nossos sonhos, por aquilo que acreditamos. Que sejamos felizes.

domingo, 8 de novembro de 2009

Dilema do tempo...

Daqui alguns dias estarei completando duas décadas de vida. Duas décadas! Poxa vida, quanto tempo de vida, tão poucas coisas fiz, tantas coisas já deixei de fazer.
Tenho tanto medo de envelhecer aos poucos e perder meu entusiasmo pela vida, pelos meus ideais, pelos meus sonhos.
Tenho medo de não conseguir fazer tudo que eu gostaria de fazer, de não poder estar presente nos principais momentos da vida de pessoas que amo.
Tenho medo de não corresponder aos meus anseios de um futuro de muito trabalho, concretizações de sonhos e mudanças constantes...
Na verdade meu maior medo é de cair na comodidade, por conformismo, isso me amedronta, me estremece, me assusta!
Quisera eu poder constantemente alimentar meus sonhos, minha pitada de lutadora. Quisera eu possa cada vez mais criar e recriar, encontrar formas de viver, e viver feliz.
Quisera eu possa todo dia renovar minha paixão pela vida, e meu desejo de uma realidade cada vez melhor.

domingo, 4 de outubro de 2009

"um misto de angústia e decepção."

Adoraria hoje chegar aqui e escrever um texto cheio de alegria e glórias por ter participado de dois dias de expressão de democracia dentro da universidade, dois dias onde estudantes juntos traçariam caminhos para conquistas dos mesmos dentro da academia. Porém um misto de angústia e decepção, e porque não tristeza, me vêm à tona. Neste momento eu relembro minha pequena trajetória no Movimento Estudantil, mais especificamente, alguns momentos marcantes. Meu primeiro ato, a ocupação da FUNDAE, ainda um pouco desentendida, caindo de paraquedas, onde lutávamos contra as fundações ditas de apoio, contra a corrupção, pela garantia dos direitos da educação. Relembro ainda e, mais fortemente, do tempo - curto, mas (in)tenso - que fiz parte da comissão eleitoral das eleições para Diretoria Executiva do DCE e Representações Discentes dos Orgãos Superiores da UFRGS, no ano passado, quando consegui entender como funciona de verdade o movimento estudantil. Neste mesmo tempo o início da primeira gestão do Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação, pelo qual sempre me entreguei, pois lá é onde eu reafirmo todo dia minha opção pela educação, lá onde eu descobri pessoas com mesmos ideais que eu, onde tive oportunidade de construir boa parte do meu caráter militante e de luta, a partir de exemplos e vivências. Diretório este que representei nesse último mês na Comissão Organizadora do IV Congresso de Estudantes da UFRGS, e aqui inicia minha decepção.

Foi um mês de reuniões semanais, às vezes duas por semana, decidindo e organizando tudo para que as coisas saíssem da melhor maneira possível. Tomada de decisões, discussões, novas vivências, percepções.

Chego agora em casa daquele que era pra ser o IV Congresso DE ESTUDANTES da UFRGS, mas infelizmente não foi isso que vivenciei. Estes dois últimos dias foram tão maçantes quanto os dois meses de comissão eleitoral do ano passado, não tanto pelo trabalho, mas pelo seu resultado. Foram dois dias deixando tudo em dia: alimentação, credenciamento, listas, estrutura, correria, para no final perceber que o que estava sendo organizado não era um congresso de ESTUDANTES e sim de MILITANTES, um Congresso do Movimento Estudantil de vanguarda da UFRGS.

Por vários momentos me perguntei: Para quê uma comissão organizadora composta por estudantes de diferentes cursos? Para quê tomar decisões prevendo situações se na prática tudo era discutido no caso à caso, onde até não se convencer metade das pessoas a mudar a opinião sobre uma pauta, nada era resolvido? E mais intrigante ainda, por que uma tarde inteira de discussões sobre Acesso à Universidade, Currículos do Ensino Superior, Políticas de Permanência, entre tantos outros grupos de trabalho, se na plenária final questões do Movimento Estudantil e discussões pertinentes a um grupo seleto de estudantes recheado de interesses passaram por cima de toda e qualquer discussão. E ainda, para quê se esforçar em divulgar o evento para todos acadêmicos se na hora das decisões mais importantes do congresso quem se juntava em ‘cantinhos’ eram representantes de forças políticas que não representavam o todo daquela plenária?

Hoje eu entendo essa organização, não aceito, mas entendo essa forma de funcionamento, e considero uma falta de consideração com aqueles que constroem as lutas e o próprio movimento estudantil fora destes grupos. Porém, neste espaço tinham estudantes que vieram reivindicar questões muito importantes para seus cursos, suas trajetórias acadêmicas e se sentiram patrolados por dezenas de discussões que não lhes fazia sentido nenhum, intrigas políticas e jogos de interesse que tornaram o IV Congresso de Estudantes em um circo, um circo armado para aqueles que sentem-se os donos dos interesses dos estudantes, mas que consideram suas pautas mais importantes que qualquer outra.

Para resumir tudo isso eu pergunto: Qual era o objetivo do Congresso? E eu mesma respondo: Discutir a Universidade que temos e a Universidade que queremos. Sim, concordo que o Movimento Estudantil precisa se organizar, e que muitas questões políticas externas à Universidade são importantes, mas não mais que as pautas levadas por cada estudante, que na sua caminhada acadêmica se depara com diferentes problemas em seus cursos ou na sua própria permanência na faculdade, e que pensou encontrar no Congresso espaço para colocar suas bandeiras e encontrar respaldo daqueles que dizem ser porta-vozes da luta dos estudantes.

Se o objetivo de alguns grupos é construir um movimento estudantil de massas, cada vez mais com participação da base, os métodos vão ter que ser revistos, pois eu tenho certeza que aqueles estudantes que lá estavam ontem, e que não compõem o movimento estudantil, não retornarão a espaços como estes, onde não têm voz e nem vez nas discussões.

Por fim, eu reafirmo minha decepção e meu nó na garganta. Reafirmo mais ainda meu repúdio às situações vivenciadas e, principalmente àqueles que ainda se sentem os donos da verdade, que passam por cima de todos e de qualquer coisa para preservar seus próprios interesses.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Compartilho esta angústia...

Acabo de chegar na Ilha da Pintada, onde trabalho há 6 meses, e senti a necessidade de redigir este texto, para compartilhar com todas as pessoas com quem me relaciono de alguma forma, a angústia e a situação de caos que se instala aqui.

É deprimente o estado da Ilha, desta como de tantas outras pelas quais passei no caminho até aqui. Correnteza dentro das casas, as pessoas tirando tudo o que podem de dentro delas, as famílias sem poder sair de dentro das casas, ou sem poder entrar. Uma tristeza só.

A chuva parou, mas o rio não para de subir.

Porém a água mal entra nos casarões. Quem conhece a Ilha da Pintada, sabe do que estou falando. Para quem não conhece: eu explico. A primeira imagem de quem chega à Ilha é um grande contraste. Passamos por vários casarões (daqueles de filme, mesmo!), com um belo quintal, casas enormes, bem cuidadas, com o rio ao fundo. Lanchas e barcos estacionados ao fundo, e os melhores carros na frente. Estão muito bem protegidos, e por incrível que pareça, em mais de um daqueles grandes condomínios me surpreendi vendo os moradores sentados no pátio tomando chimarrão... Eles estão bem protegidos, devem ter boas estruturas que desviam as águas, que vão ainda mais fortes para os seus vizinhos, que tentam salvar, ainda, o pouco que têm.

Na escola em que trabalho a situação não é muito diferente. O pátio do fundo da escola onde tinha uma quadra de esportes e a praça das crianças agora virou um rio, assim como algumas ruas aqui dos arredores. E aqui mais um contraste: as pessoas preocupadas com desfile de sete de setembro, que era pra ter acontecido ontem, mas a chuva não deixou. Me lembro aqui de Paulo Freire e sua reflexão sobre a comemoração dos 500 anos de Descobrimento do Brasil, na obra Pedagogia da Indignação. Comemorar o que??? Que Pátria livre é essa, que os que pouco têm ainda perdem tudo, e os que poderiam fazer alguma coisa estão de braços cruzados, bem protegidos, despreocupados?

Não sei o que pensas sobre isso, mas isso me inquieta, e pensar no assunto pode fazer bem!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

“A impotência é uma escolha, escolha de não responder pelos seus atos!”

Já comentei aqui no blog, em um post mais antigo que a música inspira, marca momentos, faz refletir. Hoje ouvi uma música do Marcelo D2, Desabafo, música que escuto quase que diariamente, mas só hoje uma frase me chamou muita atenção:

“A impotência não é uma escolha também
De assumir a própria responsabilidade
Hein?”

Quantas vezes reclamamos da violência, das injustiças, da exploração, da drogas, da corrupção, e nos colocamos como impotentes diante dessa realidade que está diante dos nossos olhos, diria que dentro da nossa própria casa, muitas vezes. Nos colocamos como impotentes e, assim, covardemente nos acomodamos, por que, como seres impotentes, não temos nada o que fazer para mudar tal realidade.

Ao ouvir a música para mim ficou muito claro, como que um insight, o que a impotência representa: a acomodação e, principalmente, o medo de assumir a responsabilidade daquilo que fazemos.

Nos vemos impotentes porque temos medo do julgamento por assumir um lado, por brigar por aquilo que consideramos certo e (ou) justo.

A impotência é uma escolha, e na vida somos obrigados a ocupar um dos lados. Insistir em nos portar como impotentes não significa estar “neutro”, é muito pior que isso, é escolher o lado daqueles que oprimem, que roubam, que violentam, que agem injustamente, pois nada fazemos para mudar tais ações, que tendem a crescer e se fortificar, já que não encontrarão barreiras para expandir.

Escute: Desabafo - Marcelo D2

domingo, 9 de agosto de 2009

"Nem o sol, nem a chuva, apenas um amanhecer!”

Sabe aqueles dias que tu não quer nada além de viver. Quer poder acordar, ver pessoas, caminhar pelas ruas, trabalhar tranquilamente, conversar, colocar em dia suas tarefas. Tudo na simplicidade, sem nada de especial ou extraordinário. Tipo assim: “Nem o sol, nem a chuva, apenas um amanhecer!”


(Ilha da Pintada - Porto Alegre - RS)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Compartilhando...

Deu vontade de postar isso, rapidamente:

Dia de formatura é sempre diferente! Apesar de todos os obstáculos que essa turma me proporcionou, sinto hoje o sentimento de dever cumprido, e de que vou sentir saudades dos desafios diários, peculiares desse grupo. Mas que venham os próximos, cada grupo é um grupo, e aprendo cada vez mais com eles...

Isso que é o gostoso da 'profissão professor', a gratidão, o sentimento de dever cumprido, o saber que o pouco que se faz pode ser o muito para o outro. Descobrir diariamente que pode-se cada vez mais aprender e ensinar, trocar, viver novas e enriquecedoras experiências. Pois não há nada mais gratificante e valioso que aprender convivendo com o ser humano.


Chico Xavier resolveu descer e me presentear com estes 5 minutos de inspiração, deve ser o momento..heheh

Bom dia pra todo mundo! =D

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Citandooo...

Encontrei esta citação no www.vouaobanheirofeminino.blogspot.com, achei bem interessante!!!

Hoje organizei meus sonhos em sequência e prioridades, descartei amores duvidosos, amores feitos de promessas camuflados sob o manto do amanhã que nunca acontece por medo, covardia, comodismo, insegurança ou...sei lá!
Não quero mais enigmas que devoram minhas expectativas nem a face enrugada da tristeza refletida no meu espelho.
Quero recriar a canção da minha vida em notas de alegria e resgatar o projeto original da menina que era feliz e sabia. Hoje eu disse adeus às promessas construídas em série e abandonei as utopias feitas em cerâmica que trincaram. Não mais emprestarei minha alma a moldes disformes nem usarei as lágrimas para umedecer o barro sem arte. Não quero o martírio de um paraíso do outro lado do muro nem o mapa para que eu siga pistas de potencial vitória. Quero a felicidade beijando minha boca com sofreguidão e o amor presente fazendo bagunça no meu coração!!! (Lady Fopp)

...Bom final de semana...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aos meus amig@s...

Não deixe de sonhar - Chimarruts

Ser alguém te encontrar
E perguntar por mim
Pode dizer que eu vim pra falar
O que ninguém mais fala
E não quer acreditar...

Quando ouvir alguém dizer
Que já não sonha mais
É bom saber que é capaz de morrer
Não tem esperança
E não faz nada nascer...

Preste atenção: Não abra mão dos próprios sonhos,
Não tem perdão: não deixe de sonhar, não deixe de sorrir,
Pois não vais encontrar quem vai sorrir por ti...

Dedico esta música a todos meus amig@s, desejo que todos sejam sempre, e cada vez mais, feliz!!!!

...Feliz dia do amigo...
Beijos

terça-feira, 14 de julho de 2009

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Indicação para leitura!

Pedagogia da Indignação - cartas pedagógicas e outros escritos

Paulo Freire


Que Paulo Freire é mestre e inspirador é clichê ressaltar, porém não tem como não citar tais elementos após ter contato com sua obra Pedagogia da Indignação - cartas pedagógicas e outros escritos, uma obra que encanta, que emociona, que traduz a realidade com muita responsabilidade, com uma crítica saudável e com força de transformação. Esta obra foi publicada após sua morte, não foi finalizada pelo autor, mas não é por isso que perde seu valor, diria que ela atesta que o mesmo não precisa dizer ‘tudo’ para que tenha dito e ensinado ‘muito’.

Nesta obra estão compilados diferentes textos de Paulo Freire relacionados à notícia, à mídia e aos meios de comunicação. Ela traz críticas a acontecimentos que viraram “notícia” e causaram grande comoção, e até indignação nacional como é o caso do assassinato brutal do índio pataxó por jovens de classe média alta no Dia do Índio, em Brasília; a forma como as comemorações dos 500 Anos do “Descobrimento” das Américas por Cristóvão Colombo se deram; e o fato trágico da família pernambucana que teve a fatalidade de recolher no lixo hospitalar um seio feminino amputado, e o qual prepararam o almoço de domingo.

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Junto a tantos elementos, o autor analisa a situação da educação, com nenhuma neutralidade e muita historicidade, já que o nosso próprio modelo de educação está diretamente ligado a ideologias, estas mantidas e constantemente reproduzidas pelas elites dominantes para a manutenção da sociedade de classes e da supremacia do status quo. Paulo Freire acredita na transformação do mundo, não a considera uma tarefa fácil, mas sonha, acredita e, principalmente, pensa uma educação humanista na formação de indivíduos críticos, mais humanos, que entendam a necessidade de lutar, para que assim possam ser capazes de mudar o mundo.

Se pensarmos na nossa educação, na atualidade, enxergamos-a inserida em um contexto econômico neoliberal e assim, consequentemente, voltada para os interesses do mercado, onde aspectos como o individualismo, a concorrência e o mérito pessoal são universais. Ao enxergarmos assim nossa educação, poderíamos nos aquietar e acomodar diante desta realidade, nos alienarmos e acomodarmos num conformismo que Paulo Freire tanto condena, ele é contrário a qualquer atitude alienada e acrítica, como sentenças fatalistas do tipo “o sistema é assim mesmo”, “é assim que Deus quer”, “o mundo é desse jeito mesmo, ninguém pode mudá-lo”. É, pois através da nossa crítica a este determinismo que podemos fazer nossa parte. Se o mundo é regido por leis deterministas e imutáveis, ele anula qualquer forma de individualidade, ética, decisão, liberdade e responsabilidade. Assim todos nós temos a capacidade e também o dever de mudarmos o mundo, pois temos o nosso livre arbítrio.

Mesmo que possam parecer utópicas essas últimas afirmações, o próprio autor estabelece como verdade que a mutação é difícil, mas não impossível. Nós de fato temos uma série de limitações e que para Freire é positivo, pois somente os déspotas possuem ou buscam um poder holístico.

Devido à própria condição humana, Freire reconhece as limitações reais para a criação de um mundo mais humanizado, mas também considera que estes não são elementos a serem usados pelos indivíduos para que fiquem acomodados, agindo como meros espectadores do mundo e vítimas de consequências como o desemprego, o colonialismo, a espoliação, a dominação de classe, etc.

O autor cita o exemplo dos terremotos: eles existem de fato e é impossível acabar com eles. Mas o ser humano por meio de sua sapiência conseguiu tecnologias e meios para torná-los menos destrutivos. Do mesmo modo se deu a resistência afro-brasileira que com sua “manha” conseguiu que suas culturas não morressem diante da violência da dominação.

Para muitas pessoas, pensar em mudanças, sonhar, planejar algo utópico é ilusão, perda de tempo e, por isso, desnecessário. Para Paulo Freire o ser humano é instrumento de crítica, indignação e mudança, e é por isso, e a partir da curiosidade que lhe é intrínseca, que não se deve consolidar as tais sentenças fatalistas, agindo de forma contrária, protestando, discordando e, acima de tudo, tornando-se agentes de mudanças, para, assim, conquistar-se as mudanças que tanto se deseja, para se chegar a realização dessas utopias que tanto se almeja e se considera tão necessárias.

Na terceira carta apresentada no livro, apresenta-se elementos a partir de um evento acontecido em Brasília, um ato de brutalidade que culminou com a execução do Índio Galdino Jesus dos Santos, por jovens de classe média. Com esta carta, Paulo Freire apresenta elementos que nos permite refletir, principalmente, sobre a sobre a ética universal dos seres humanos e a valorização do diferente e, conforme nos apresenta Ana Maria Araújo Freire, a Nita, esposa de Paulo Freire e organizadora deste livro, em um artigo em que faz a apresentação do mesmo:

o objetivo de Paulo foi nos levar a pensarmos também na questão dos valores, no modelo político-econômico no qual os seus defensores, de modo geral, não se perturbam como são tratadas as pessoas desprivilegiadas, as gentes excluídas do mercado, consideradas apenas “Uma espécie de sombra inferior no mundo. Inferior e incômoda, incômoda e ofensiva”, como denunciou. (FREIRE)

Paulo Freire nesta carta, apresenta a educação como instrumento de transformação, como uma das responsáveis por ‘dar lugar as coisas’ e questiona que lugar esta educação está dando hoje ao pobre, ao índio, à mulher, ao mendigo, ao negro, ao camponês, ao operário, no pensar desses jovens. Será que a escola tem cumprido seu papel primordial de mostrar a igualdade e, principalmente, de promovê-la? De mostrar a importância de cada ser humano na sua completude, na sua diferença. Apresenta assim ao professor o desafio de assumir seu papel com excelência, atitude, firmeza e plenitude, sendo assim, agente de transformação, cumprindo seu papel.

Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-la sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, in-viabilizando o amor. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equipada e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que fizemos e o que fazemos. (FREIRE)

Na segunda parte do livro, Ana Maria Araújo Freire, publica outros escritos de Paulo Freire, onde o autor escreve sobre acontecimentos que, por algum motivo, lhe inquietaram, e o um deles é a questão do Descobrimento da América e a sua comemoração de 500 anos.

Paulo Freire começa afirmando que “(...)o passado não se muda. Compreende-se, recusa-se, aceita-se, mas não se muda” , e analisa o fato apontando a “malvadeza intrínseca a qualquer forma de colonialismo, de invasão, de espoliação” . Paulo Freire crítica aqui a posição conformista daqueles que veem tal acontecimento como algo que passou, aconteceu a 500 anos e que esquece de toda exploração, de toda mudança, seja ela cultural ou histórica que a mesma provocou. Paulo Freire nos provoca a ter um olhar diferente sob tais acontecimentos, será que devemos comemorar ou parar para pensar tudo que estes causaram. Temos que buscar o que realmente importa nesses acontecimentos e o que eles nos trazem de aprendizado, realmente, edificador, aplicar um olhar crítico sob eles.

É este aprendizado que eu comemoro. Certamente o passado jamais passa no sentido que o senso comum entende por passar. A questão fundamental não está em que o passado passe ou não passe, mas na maneira crítica, desperta, com que entendamos a presença do passado em procedimentos do presente. Nesse sentido, o estudo do passado traz à memória de nosso corpo consciente a razão de ser de muitos dos procedimentos do presente e nos pode ajudar, a partir da compreensão do passado, a superar marcas suas. A compreender, no caso, por exemplo, do passado da conquista como, sem dúvida, ela se repete hoje, de forma diferente, às vezes. (FREIRE)

Outro escrito de Paulo Freire que está colocado junto nessa obra é o texto “Alfabetização e miséria”, que apresenta, além de aspectos já discutidos nesse texto, um conceito que pode ser resumido com uma frase própria do autor, onde ele traz que a tarefa fundamental do educador é experimentar com intensidade a dialética entre a “leitura do mundo” e a “leitura da palavra”. Ou seja, o professor não deve apenas se limitar a ensinar a palavra, no sentido mais estrito da palavra, mas também possibilitar ao aluno uma leitura do mundo, de um mundo com possibilidades, com uma realidade. Importante conceito apresentado por Freire, é a questão do professor apresentar o diferente, o novo ao aluno, mas não impor estes. É neste texto que Freire traz a questão da família que encontro um seio amputado no lixo hospitalar e o leva para casa e se alimenta do mesmo. Diante de tal realidade só nos resta lamentar e enxergar esta realidade como irreversível, ou então, será que não nos é possível mostrar a estas pessoas que elas podem agir de maneira a melhorar suas condições de vida, lutando pelos seus direitos.

Para resumir de forma bastante claro o que Freire apresenta nesse texto, uso novamente das palavras de Ana Maria Araújo Freire, em uma das apresentações da obra, quando diz que

Paulo insiste em que a realidade não é inexorável, de que de um domínio humano da determinação dificilmente se poderia falar de opções, de decisão, de liberdade, de ética. Que a história é possibilidade e não determinação. Nos faz entender que a ordem estabelecida injusta é indecente, que a “miséria é uma imoralidade” não, obviamente sob o ponto de vista moral, mas ético, estético, ontológico, antropológico e político. Afirma não por teimosia mas diante da natureza ontológica dos humanos que “mudar é difícil mas possível” e que há “legitimidade da raiva contra a docilidade fatalista diante da negação das gentes.” (FREIRE)

Em um novo texto, “ Dos desafios da Educação de Adultos ante a nova reestruturação tecnológica”, Paulo Freire explicita mais cuidadosamente a sua compreensão da politicidade da educação, da impossibilidade de diferenciar o ato de ler e de escrever e da unidade entre arte e educação. Freire enfatiza a necessidade de apreensão do objeto para a se aprender de verdade, entendendo que a memorização do conhecimento se constitui no ato mesmo de sua produção. Freire critica a negação das ideologias, o neoliberalismo como ‘uma fatalidade do fim do século”, os pragmatismos, o treinamento no lugar da formação genuinamente humana. Alerta para a compreensão crítica das tecnologias, que não devem ser repudiadas, mas que devem ser passadas pelo nosso crivo político e ético e, por fim, reenfatiza que

o exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de quem, o contra quê, o contra quem são exigências fundamentais de uma educação democrática à altura dos desafios do nosso tempo.(FREIRE)

Paulo Freire, neste texto “Educação e a Televisão” nos remete à curiosidade humana e à leitura do mundo, anterior à leitura da palavra. Fala da curiosidade ingênua que leva ao “saber de pura experiência feito”, o senso comum e da curiosidade epistemológica que entende nascer da criticização da curiosidade ingênua pelo rigor metodológico do objeto em questão. Entre uma e outra há diferença de qualidade e não de essência, afirma. Conclui dizendo que os educadores progressistas não podem desconhecer a televisão. Que ela não é nem “um demônio que nos espreita para nos esmagar” nem “um instrumento que nos salva”. Devemos usá-la, sobretudo, discuti-la.

Enfim, nestas, e em outras obras apresentadas neste livro, Paulo Freire retrata sua indignação, que está fundada no seu amor. Sim, porque ama o mundo, a vida e as pessoas, respeita e procura caminhos para mudanças. Acima de tudo, procura esses caminhos e os aponta, para não caminhar sozinho. Ele acredita na pessoa humana como seres capazes de provocar mudanças, e a instiga a não ser mero objeto e sim sujeito transformador e criador da História.

Se me fosse possível responder à minha leitura, diria hoje a Freire, usando as palavras de Balduino A. Andreola, no prefácio desta obra, prefácio este que o Professor chama de Carta-prefácio, “Paulo, a leitura de tuas Cartas pedagógicas foi para mim como a imersão numa imensa onda cósmica de ânimo, de esperança e do sentimento de que vale a pena persistir na luta.” Ler esta obra permitiu-me dar-me conta de coisas que talvez os milhares de discursos ouvidos na minha vida, principalmente acadêmica, não me fizessem perceber. Credito isso a forma dinâmica, instigadora da escrita de Paulo Freire, assim como a explicita convicção e crença que o mesmo tem e expressa nos seus escritos. Na coerência de sua vida e sua obra.

Não haveria cultura nem história sem inovação, sem criatividade, sem curiosidade, sem liberdade sendo exercida ou sem liberdade pela qual, sendo negada, se luta. Não haveria cultura nem história sem risco, assumido ou não, quer dizer, risco de que o sujeito que o corre se acha mais ou menos consciente. Posso não saber agora que riscos corro, mas sei que, como presença no mundo, corro risco. É que o risco é um ingrediente necessário à mobilidade sem a qual não há cultura nem história. Daí a importância de uma educação que, em lugar de procurar negar o risco, estimule mulheres e homens a assumi-lo. (FREIRE)

Acredito na mudança e sou consciente de meu papel, como futura educadora na construção da história, das mudanças, e para isso me disponho a correr riscos e a estimular aqueles que comigo querem seguir este caminho, para juntos nos tornamos sujeitos de transformação social, de desacomodar-se, de sonhar e, acima de tudo, lutar, ir em busca de tais mudanças.

sábado, 9 de maio de 2009

Meu tudo, pra ti!

Todos os anos essa data se repete, ela é mais uma dentre tantas comemorativas e é o sexto ano que estou distante de ti, nesta que é tão significativa, marcante, bonita. É a data onde os filhos correm para o colo das mães, passam o dia todo recebendo mais um pouco desse carinho todo especial, que a correria dos dias normais, muitas vezes, não permitem desfrutar.
Eu me vejo distante, mas tão perto. Mas uma saudade constante aperta, porque eu queria tanto poder estar aí do teu lado, poder te dar meu abraço de agradecimento, de desculpas, de carinho, de amizade, de filha. De uma filha que te ama mais que tudo, que tem em ti o maior exemplo de todos. Que vê em ti a paciência, a força, o perdão, a confiança, o carinho, o amor maior.
És a ausência mais presente da minha vida: aquela que chora comigo, mesmo que por telefone, que vem correndo quando chamo, que acredita em mim, aposta nas minhas ambições, que sonha junto comigo, que concorda e discorda, que me alerta, mas respeita meus espaços e ideais. Que se preocupa, me defende, me puxa a orelha, me entende e me conhece mais que ninguém.
Mãe, te amo mais que tudo, te quero sempre comigo, perto ou longe, mas presente. Se estou distante pela sexta vez nesta data é porque as circunstâncias novamente não permitiram estar ai contigo, mas eu e tu sabemos que não é a distância que vai impedir de eu sentir teu carinho tão especial, e tu o meu, neste dia que é somente mais um dos que a ti eu dedico.
Obrigada por cada palavra, por cada incentivo, por cada abraço, por tudo que representas pra mim. Desculpa por tantas vezes não reconhecer e não saber agradecer por todo bem que me fazes.






Minha mãe, minha amiga....Meu tudo, pra ti!

sábado, 4 de abril de 2009

Para pais e educadores pensarem...

Texto publicado no dia 04/04/2009 pelo jornal Notiserra, do Vale do Taquari.


Para pais e educadores pensarem...

Angela Marin Pertile¹

Como já foi veiculado pelos meios de comunicação, novos métodos estão sendo utilizados para alfabetizar e educar as crianças dos anos iniciais nas escolas públicas do Rio Grande do Sul. Um convênio do Governo do Estado com três instituições transfere poderes para as mesmas levarem seus métodos de alfabetização para os colégios estaduais, para que, em uma espécie de competição, no final de um período se aplique um teste nos alunos(cobaias), e o método que melhor conceito obtiver em alfabetização será escolhido como oficial do sistema estadual de ensino.

Pode parecer maravilhoso o que a Instituição Ayrton Senna, o GEEMPA e a Alfa e Beto apresentam em suas cartilhas, muito coloridas, cheias de figuras e instrumentos para alfabetizar. Porém, algumas críticas têm que ser feitas. Esses métodos esquecem que a realidade dos alunos de cada região do estado é diferente, dentro de uma mesma sala de aula existem alunos com necessidades e dificuldades particulares, e esquece de contemplar as especificidades dessas realidades, especificidades essas que são essenciais no planejamento do ensino. Esses métodos não respeitam os ritmos das crianças, ritmos estes que devem ser a base e perpassar todo o planejamento de um professor.

Com a adesão desses métodos o professor perde sua autonomia, se acomoda, a menos que ele seja consciente do seu papel formador e de seu compromisso com a aprendizagem de seus alunos e construa novas maneiras de educar a partir dos materiais propostos, o que muitas vezes não é viável, diante do controle e da fiscalização das instituições constituidoras dos programas.

Somos nós, educadores, que devemos dar uma resposta ao que nos é imposto, devemos nos perguntar o que ficamos fazendo quatro anos dentro de uma faculdade para chegar em uma sala de aula e recebermos um livro que nos indica cada palavra a ser repetida a cada novo ano, a cada nova turma, a cada diferente aluno. É nesse momento, e o pior, desde muito cedo, que começamos a constituir cidadãos acríticos, incapazes de criar e recriar, usar da sua criatividade. Cidadãos que seguem uma rotina predeterminada por outrem que lhe dita o que é certo ou errado, sem chances de desvios ou novos pontos de vista.

A educação tem poder transformador e ela não é mercadoria. É direito constitucional de todo cidadão e dever do Estado, que não tem o direito de passá-la a terceiros para que a controlem de acordo com seus próprios interesses. Reclamamos que nossa profissão é tão desvalorizada, mas nós mesmos a desvalorizamos ao aceitar o que nos é imposto desta maneira, tirando nossa liberdade de ensinar, de criar, de valorizar cada aluno na sua diferença.

"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget)




¹Angela Marin Pertile é estudante de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Membro do Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação da UFRGS; Estudante de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); Educadora Social do Programa Cidadania e Talento . com. Contato: angelampertile@hotmail.com

domingo, 22 de março de 2009

...tudo ao mesmo tempo: AGORA!...

Grama verde. Bicicleta. Suco de limão. Pipoca de chocolate. Casinha na árvore. Sacolé. Chiclete em metro. Sorvete. Miçangas. Ballet. A rua. Sonhos. A imaginação. A lojinha. A escolhinha. O escritório. Banho de mangueira. Colégio. Amizades. Piscina. Pintura. Inglês. Macramê. Futebol. Informática. Fantasias. Companhias. Distância. Ingenuidade. Carinho. Sinceridade. Quietude. Solidão.

Dá saudade de tudo que passa. De tudo que fica, e até daquilo que se desgasta com o tempo. Mas como era bom e tranquilo ser criança, como era bom e cansativo ser adolescente, e por incrível que pareça: como é bom e chato ser adulto.

Quando criança sonhamos com o dia que viraremos 'gente grande', quando adolescentes queremos que tudo passe correndo. E quando, adultos, queremos que tudo passe, tudo volte, que o tempo pare, e tudo isso ao mesmo tempo: AGORA!. Como somos complicados e reclamamos da vida, achando que ela é muito complicada.

Mas como é difícil tomar decisões acertadas, nunca sabemos se o próximo passo não será em falso. Ainda mais quando lidamos com pessoas. Às vezes penso que algumas pessoas nasceram pra incomodar mesmo, e outras para serem incomodadas.

Existem mil formas de incomodar, formas boas, outras não tão boas. A verdade incomoda, o erro incomoda, o descaso incomoda. A desigualdade incomoda, até as responsabilidades incomodam. Mas eu acho que o que mais incomoda é o tempo, esse que passa e não volta, e não permite correções.

É, o arrependimento do tempo perdido, das decisões não tomadas há tempo incomodam também. Mas existem novos caminhos, existe um novo começo ( como eu queria acreditar nisso). E é essa vida de adulto que permite saber disso, as experiências do tempo que deixam cicatrizes, boas e não tão boas, e essas mesmas experiências é que também não permitem acreditar de verdade nisso, será?.

Mas a vida continua e se um novo começo existe, basta a mim procurá-lo, acreditar e viver. Porque eu quero e ainda sei ser feliz de verdade!

Os sonhos. A independência. As feridas. A correria. O trabalho. Os trabalhos. A faculdade. A responsabilidade. As amizades. As certezas. As dúvidas. As lutas. O trânsito. A educação. Os ideiais. As idéias. As vontades. As discordâncias. As semelhanças. O medo. As conquistas. O prazer. A vida.

...Escolhas...

Hoje no blog estou postando um texto que uma amiga minha, Mariana, escreveu e ofereceu para ser postado aqui. Me identifiquei com o escrito, consegui pensar sobre. Deixo também pra vocês.


"O que faz com que cada um de nós faça tais escolhas? O que nos faz decidir?
Será que nascemos com um dom de escolher o que é bom e o que é ruim? Ou será que a vida nos ensina o que nos faz bem?
Não sei, só sei que quando meu coração faz suas escolhas: já era. Está escolhido! Não adianta tentar me fazer mudar de ideia. Se foi meu instinto, minha cabeça, não interessa! Se chegou no coração não tem mais volta.
E o que fazer quando chegamos a um ponto que não temos mais certeza da escolha do coração?"
(Mariana Fonseca Lopes)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Desabafo [2]

Poxa vida, que situação, que saia justa, que indecisão. Já duvidei, voltei atrás, dei créditos. Desanimei. Vi tudo desmoronar novamente. Mas sabe que eu consigo ainda dar certa razão, enxergar pelo outro lado. Não sei se é questão de voltar atrás novamente, talvez dar mais um crédito. Ai, minha mania de acreditar na pessoa humana e de dar créditos e mais créditos. Apesar de que até hoje pouco me arrependi de tantas vezes ter feito isso, me surpreendi em muitas delas. A gente aprende com isso. Vamos começar do zero, vamos ver no que que dá! Sorte pra mim ...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

"É preciso se dar conta..."

As pessoas às vezes não se dão conta do impacto e das mudanças que podem provocar na vida de outras pessoas. Sentimentos descabidos, desentendidos, incompreendidos. É preciso se dar conta que a chama depois de acesa é difícil de ser apagada. Que a água derramada não tão simplesmente evapora. E que tudo que é construído é mais sólido e irredutível do que aquilo que acontece por acontecer.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

"...Já quero poder voltar a sorrir, de novo. "

Um, dois, três. Respira, fecha os olhos. Acalma. Chora, sim! Desabafa. Ô Sensação de fracasso, de fim de mundo. Desisto. Não, tenta de novo! Tu sabe que tu consegue. Poxa vida, porque assim!? Não deu, não foi nessa vez, nem na outra, nem na outra. Será que essa maré de azar acaba quando? Esses minutos que sucedem o fracasso parecem uma eternidade.

Já quero poder voltar a sorrir, de novo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

"...uma sensação que vem do nada..."

É tão estranho, mas acho que algo vai mudar. É uma sensação que vem do nada, mas que vem em uma intensidade incrível. Um misto de alegria, com indecisão e angústia. Angústia? Talvez não! Poderia ser ansiedade? Sei lá. Mas só sei dizer que é bom. Apesar dos momentos difíceis pra dormir. Isso por causa da maldita curiosidade em querer descobrir o que realmente está acontecendo comigo. Deixa o tempo correr, né?! Vamos ver no que dá!


Boa semana povinho...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

[...]

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☼DAS UTOPIAS

''Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!''

[Mário Quintana]

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sábado, 7 de fevereiro de 2009

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"...Eu acho tão bonito isso de ser abstrato, baby

A beleza é mesmo tão fulgaz

É uma idéia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer..."


[Apenas mais uma de amor - Lulu Santos]


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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

"...somos pessoas humanas, na essência e completude..."

Falar da inclusão social, no respeito às diferenças, em como incluir sem excluir já virou clichê, isso na teoria, ainda é muito pouco o que se faz a partir dessas discussões e até no dia-a-dia, na convivência.

Na realidade, o respeito pela pessoa humana já há muito se perdeu em meio às circunstâncias. O valor e o respeito reservado àqueles que se mostram ‘diferentes’ ainda é pequeno e não é suficiente para uma sociedade que se diz consciente e inclusiva.


O que se faz com os produtos que estão defeituosos, com alguma falha? São jogados aos cantos, ou então vendidos com um menor valor, nas lojas mais afastadas e menos valorizadas. Assim se mostra a realidade daquelas pessoas que por algum motivo ou outro não se mostram completas fisicamente, apresentam algum ‘defeito’ que lhes inferioriza, alguma diferença. Os lugares que lhe são reservados são os das margens, os lugares onde nem todos passam ou vêem.


Falo das pessoas com deficiência, falo dos meninos e meninas de rua, das favelas, falo até daqueles que ousam ser diferentes em suas idéias e ousam ir além do que é considerado limites e barreiras, falo de todos que de alguma forma ou de outra são inferiorizados ou desvalorizados pelas suas diferenças.


A dignidade da pessoa humana é um dos valores, antes que constitucional, humano mais básico e necessário para a garantia da justiça e da igualdade. O preconceito, as idéias prontas e impensadas são condutores em um caminho que não leva a lugar nenhum, muito menos a conquista desse direito.


Somos todos iguais, somos pessoas humanas, na essência e completude, devemos nos respeitar, respeitar e dar o valor merecido àquilo que não nos é semelhante e que pode nos ser complementar.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Um breve desabafo...

Relendo alguns e-mails, de tempos e tempos atrás, uma vontade de falar: "Faz de conta que não existo!?"

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

"Me dei conta que é permitido, e por muitas vezes necessário, voltar atrás!"


Buenas! Janeiro, férias, calor, sol, praia. Geralmente em tempos assim conseguimos parar para pensar um pouquinho em coisas banais, que geralmente não nos sobra tempo durante as correrias entre estudos, trabalhos, atividades. E eu tenho feito muito disso nos últimos dias. E em um desses momentos pensativos comecei a montar na minha cabeça um outra Angela, como uma forma de corrigir alguns erros, ajustar alguns aspectos, dar uma renovada. Não consegui criar um ser perfeito, muito pelo contrário, a nova Angela mais me parece uma incógnita, ela parece mais aberta, ela parece menos definida.

Pois é, resolvi mudar, não sei se minhas decisões vão me tornar uma pessoa melhor, mas meu objetivo nem era esse, meu objetivo era criar caminhos e meios para me tornar (talvez) mais feliz, (talvez) mais livre, quebrando alguns dos meus próprios pré-conceitos, destruindo alguns tabus, abrindo algumas portas, fechando outras, criando alternativas que me fizessem viver mais plenamente, sem barreiras para me tornar alguém mais feliz.

Mas a Angela não era feliz? Sim, ela era e era muito feliz, mas era um ser humano, e como ser humano percebeu que alguma coisa lhe faltava para se tornar um alguém pleno, leve. Sabe aquela sensação de que tudo está bem, mas que em determinados momentos algo aperta e não deixa seguir?

A nova Angela deverá se permitir mais, ser mais aberta aos riscos oferecidos pelas oportunidades. É que eu me dei conta que é permitido, e por muitas vezes necessário, voltar atrás, rever conceitos. Que é preciso agir mais, pensar menos. É preciso sim correr riscos, como forma de busca, aquela busca incansável de sentir-se plena.

As conseqüências sempre existirão e horas de planejamento muitas vezes não impedirão que um erro aconteça, pois então, deixa acontecer. Não, isso não se chama inconseqüência, não estou querendo dizer que vou extravasar limites, só vou me permitir mais. Esse pode ainda não ser o caminho que eu estava procurando, mas o que eu me propus foi tentar, não é? Vamos lá!

Em tempo: Quando estava pensando sobre tudo isso, uma certa chuva desabou. Agora, sento para escrever e o céu resolve me presentear com outra chuva. Será um sinal? Vamos fazer de conta que sim e até filosofar sobre: “assim como a chuva que cai é resultado de uma água que por aqui já passou, evaporou, e que recebeu outra oportunidade de voltar e seguir um (talvez) outro caminho, eu quero me presentear com novas oportunidades, evaporando alguns conceitos, construindo outros, buscando novos caminhos para ser feliz.”

"Almejar e sonhar é como ver-se no topo de uma montanha, mesmo que não estejamos ainda em cima dela!"(A.M.P)



segunda-feira, 12 de janeiro de 2009


[...]

"Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
"

[...]


Teatro Mágico - O anjo mais velho

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Eterno 'problema'...

O tempo livre não me faz bem. Me torna inconstante, confusa, inquieta, insegura. Preciso do movimento, da correria, de algumas presenças. Preciso arrumar formas de me saciar dessa eterna sede de não parar.