quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nota mental...

Existe uma coisa diferente nos olhos daqueles que fazem o que amam, o que desejam. Pode não ser aquilo que sonhou-se a vida inteira, mas se tal coisa se tornou projeto, causa entusiasmo e arrebata toda a dedicação de uma pessoa, um brilho toma conta do olhar, o tom da voz muda ao considerar, e é impossível não admirar tal situação. Felizes daqueles que podem se dedicar a seus anseios e o fazem da melhor maneira possível.

domingo, 26 de setembro de 2010

...da janela do meu quarto.

Hoje eu assisti ao dia pela janela do meu quarto. O sol se foi e, em diversas tentativas, voltou. Assim como o meu sono. E os raios invadiram meu espaço, acordando-me. A chuva ameaçou por diversas vezes, assim como algumas tensões e preocupações. Mas o dia foi lindo. As árvores permitiram abrigo aos pássaros, que cantavam e cantavam, assim como meus pensamentos, que ganharam espaço neste pedaço de ‘papel’. E por trás da concretude dos prédios, luzes se acendiam. Era a certeza de que ali existia vida, e com certeza essas vidas viam o dia diferente de mim. Quem sabe viam uma janela onde a luz não acendia, mas aqui também existia vida.

Queria um dia poder sentar em minha cama e assistir minha vida...
...pela janela do meu quarto.

domingo, 12 de setembro de 2010

A gratidão de ensinar para a vida e, mais do que isso, aprender com a vida.


[Ver cabeças baixas que copiam trechos dos textos para responder questões me inquietam a ver cabeças erguidas que expressam opiniões, que fazem de suas vidas e histórias instrumentos de aprendizado. 11/08/2010 – Terceiro dia de observação]

Uma sala de aula. Cadeiras, mesas, quadro verde e algumas pessoas. Muitas idades, muitas histórias, diferentes desejos e concepções. Uma certeza: a vontade de aprender. Mas mais que isso, a vontade de saber por que aprender. Mais que aprender, compreender.

Uma experiência recheada de expectativas. Ser surpreendida diariamente renova a minha motivação. Descobrir um acerto, depois de tanta dúvida, completa a satisfação.

A sala de aula da Educação de Jovens e Adultos se apresenta para mim, neste início de caminhada, um terreno fértil para os aprendizados, mas um constante "pisar em ovos".

Da Senhora de 80 anos à Adolescente de 18, do fluente na leitura e escrita ao que o lápis está aprendendo a segurar. O desafio de contemplá-los e com tudo isso aprender.

As histórias de vida vêem à tona a cada instante, a cada discussão, em cada atividade. É preciso respeitá-las e é possível aprender muito com isso.

Perceber o respeito e a admiração de cada aluno e perceber também que ali tu representas mais que uma professora, renova o desafio de colocar-se sempre como aprendiz e ao mesmo tempo responsável por um novo começo de cada um. Responsável por apontar alternativas e caminhos diante de um novo que não é tão novo, mas que se renova nesta nova oportunidade de aprender e ensinar. Diria mais ensinar que aprender.

Me coloco diariamente lado à lado daqueles que me permitem a cada dia ensiná-los, mas ensiná-los muito mais que a contar, ler e escrever, ensiná-los a perceber que muito já sabem e que muito podem também ensinar a mim, ao colega, à sociedade. Fazer valer suas opiniões e problematizá-las é o estopim da minha motivação diária.

[Cada dia me convenço mais que eu mais aprenderei do que ensinarei a esta turma. Vê-los colocando em pauta suas vidas com orgulho e com a certeza do valor de cada memória faz acreditar que isso acontecerá. 31/08/2010 – Segunda aula]