domingo, 16 de novembro de 2008

Uma nova forma de Educar: Desejos e Desafios

Primeiramente gostaria de pedir desculpaa pela falta de dedicação ao blog, mas o tempo tá curto mesmo e não estou conseguindo criar nada de novo.

Vou postar hoje um texto que produzi no primeiro semestre da Faculdade de Pedagogia, na disciplina de Seminário de Docência I: Educação e Sociedade, que traz uma reflexão sobre minha forma de enxergar a educação, e algumas mudanças de pensamento que aconteceram em minha cabeça no decorrer dos primeiros seis meses de faculdade.

Uma nova forma de Educar: Desejos e Desafios

Desde quando optei pelo curso de Pedagogia nunca pensei em trabalhar como professora. O meu desejo de ir além, de buscar um caminho mais específico, como o da Psicopedagogia, me ofuscava a visão na direção da docência. Porém, quando começaram a me desafiar a pensar na escola e na educação num todo, despertou em mim um desejo de transformação, uma inquietação: Porque é tão difícil mudar a educação tradicional? Porque não inovar e concretizar uma educação diferente, baseada na reciprocidade da relação aluno/professor? Essa é a forma de educação que me encantou e me inquietou.

Após o contato com trecho da obra “Medo e Ousadia”, de Paulo Freire, é que realmente esta “pulguinha se alojou na minha orelha”. Através deste texto pude perceber, claramente, os principais desafios para esta transformação e, junto com o autor, alimentar desejos da concretização da mesma.

A idéia de uma educação integradora, onde o estudante junto com o professor constrói, cria e re-cria o conhecimento, através da partilha de saberes, é o que idealizo. Paulo Freire fala dessa educação, e nos dá uma visão de onde é produzido o conhecimento atualmente:

. ...........................................................................“A educação deve ser integradora – integrando os estudantes e os professores numa criação e re-criação do conhecimento comumente partilhadas. O conhecimento, atualmente, é produzido longe das salas de aula, por pesquisadores, acadêmicos, escritores de livros didáticos e comissões oficiais de currículo, mas não é criado e re-criado pelos estudantes e pelos professores em sala de aula.” (FREIRE, 1987)

A educação vista do ponto de vista libertador, tem, além da tarefa de ensinar de uma forma diferente, livre, através da reciprocidade e principalmente do estímulo da consciência crítica, a tarefa de denunciar a ideologia dominante, e evitar a sua reprodução. A idéia da ideologia dominante, conforme Paulo Freire nos alerta, visa obscurecer a realidade e evitar a construção da consciência que é capaz de transformar a sociedade.

“...a frustração que os educadores experimentam ao ver que sua prática docente não foi capaz de fazer a revolução que esperavam. De fato, eles se aproximaram da educação libertadora de um modo idealista. Esperavam que ela fizesse o que não se pode fazer; transformar sozinha a sociedade.” (FREIRE,1987)

Tudo sonho, sonho que não é de poucos e nem pequeno. Junto com essa tarefa de um novo método de educar vêm os desafios. Com o domínio de uma ideologia que perdura no tempo e delimita evoluções e mudanças, tudo isso pode desmoronar num piscar de olhos se não bem idealizado e construído no nosso ‘sonhar’. Tudo isso que se imagina, e que penso ser a forma ‘ideal’ de educar, é recebido com grandes muros e, mesmo que ela consiga atravessar esses muros dificilmente consiga concretizar, por completo, o seu verdadeiro objetivo de transformar a sociedade.

Aquilo que me inquieta e me faz enxergar além pode ser resumido em duas palavras: OUSADIA e MUDANÇA, sim para tudo isso é necessário ousadia, para ir além, dar a cara a bater sem medo de correr os riscos, de ”remar contra a corrente”, e esse desejo é chamado mudança, para que a sociedade seja mudada, todos indicam o caminho da educação, e é esta que temos o dever de mudar, de re-construir, de remodelar, ou ao menos tentar.

O sonho, o desejo, a inquietação é só o começo, porém o caminhar, o buscar e o concretizar com certeza virão com força total, para que este sonho não petrifique, não pare no tempo, não fique a esperar a ousadia de outrem para ser realizado, quero começar por mim, mesmo que não na docência, mas no ambiente escolar e na conscientização, ajudando reconstruir e reinventar a nossa educação torná-la mais prazerosa, mais crítica, que o conhecimento possa ser construído e não transferido, que o professor saiba se colocar no lugar do aluno e com ele aprender, e que principalmente, eu possa ser instrumento nessa mudança e ser ousada para agir, “dar a cara a bater” e defender meu ideal.

"A educação não muda o mundo, a educação muda as pessoas, as pessoas mudam o mundo" (Paulo Freire)